Da Redação SariguêNews
Por Eucy Lima
Um vídeo do ex-deputado Roberto Jefferson ofendendo a ministra Cármen Lúcia mobilizou a comunidade jurídica a uma semana das eleições presidenciais. Cerca de 500 advogadas assinaram uma moção de repúdio, pedindo a revogação da prisão domiciliar de Jefferson.
No vídeo, o presidente licenciado do Partido dos Trabalhadores do Brasil (PTB) agride de forma misógina a ministra Cármen Lúcia pelo voto proferido em ação no Tribunal Superior Eleitoral. Para as signatárias, os termos usados por Roberto Jefferson configuram postura indigna da advocacia e deve ser punida pelo Tribunal de Ética da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB).
A presidente do STF, ministra Rosa Weber, se manifestou sobre o tema, afirmando que a agressão à colega foi "sórdida e vil" e disse ainda se tratar de "expressão da mais repulsiva misoginia".
"Condutas covardes dessa natureza são inadmissíveis em uma democracia, que tem como um de seus pilares a independência da magistratura. Não há como compactuar com discurso de ódio, abjeto e impregnado de discriminação, a atingir todas as mulheres e ultrapassar os limites civilizatórios", afirmou Rosa Weber.
Ao contrário de Rosa Weber, o pastor Silas Malafaia, presidente da Igreja Assembleia de Deus Vitória em Cristo e conselheiro do presidente Jair Bolsonaro, usou suas redes sociais para defender Roberto Jefferson. Ele postou no twitter
"Vergonha total ! Atentado contra a democracia ! Mandar prender Roberto Jefferson por emitir opinião, mesmo que eu não concorde com elas , é o absurdo dos absurdos ! A ditadura da toga definitivamente implantado no Brasil ", e questionou? "O que é pior? As ofensas de Roberto Jefferson ou a ministra que foi colocada para defender a constituição e na maior cara lavada é réu confesso rasgando a constituição ? A AÇÃO DA MINISTRA!", exclamou Malafaia.
O manifesto, organizado pelas advogadas Claudia Bernasconi, Daniela Teixeira, Estela Aranha, Janaina Matida, Nildete Santana, Roselle Adriane Soglio e Thayrane Evangelista, "desaprova a fala agressiva, descabida e criminosa do Sr. Roberto Jefferson contra a Ministra Carmen Lúcia Antunes Rocha".
"A postura do agressor demonstra seu total desrespeito às normas mínimas de civilidade ao se reportar a uma mulher, Ministra da Corte Suprema do país, de forma grosseira, indigna, obscena, cruel, criminosa e misógina. O conteúdo machista e discriminatório expresso no vídeo é uma excrescência, afronta a todas as mulheres, a sociedade e as instituições republicanas", descreve o documento.
Para a turismóloga Marília Almeida, o caso faz parte de uma política belicista, reacionária, resultante de um momento político idiota que estamos vivendo. "Não é admissível que a insatisfação com uma decisão judicial seja rebatida com termos como: prostituta, arrombada, bruxa de blair, e tantos outros termos chulos impublicáveis".
Marilia ressalta que a fala do agressor reforça a inadmissível violência praticada contra às mulheres e a tentativa inescrupulosa de silenciar, inibir e amedrontar uma mulher no exercício constitucional de sua profissão.