Repercutiu nacionalmente e com força a notícia vazada do Ministério da Economia do que o titular da pasta, Paulo Guedes, pretende propor para o salário mínimo e a aposentadoria paga pelo Regime Geral da Previdência Social (INSS) após as eleições de 30 de outubro de 2022.
O jornal "Folha de São Paulo" revelou que o governo prepara um plano econômico que acaba com a reposição do salário mínimo e das aposentadorias do INSS de acordo com a inflação registrada no período anterior.
O ministro Paulo Guedes negou que a informação seja verdadeira. Porém, ao fazer isso, acabou reafirmando o seu desejo de pôr fim à veiculação hoje existente entre inflação e os reajustes que atingem a maior parte da classe trabalhadora.
Guedes nega intenção de congelar
Após uma palestra na sede da Confederação Nacional do Comércio (CNC), no Rio de Janeiro, Guedes disse que o governo de fato tem planos de desvincular o reajuste do salário mínimo e de aposentadorias ao índice de inflação do ano anterior. No entanto, disse que isso não significa não haver reposição da inflação e tampouco impedimento para aumentos reais - isto é, acima da inflação.
“É claro que vai ter o aumento do salário mínimo e aposentadorias pelo menos igual à inflação, mas pode ser até que seja mais. Quando se fala em desindexar, as pessoas geralmente pensam que vai ser menos que a inflação, mas pode ser o contrário”, disse Guedes ao portal g1, na quinta-feira, 20 de outubro de 2022.
Impacto na campanha
O colunista do UOL Josias de Souza postou, segundo fontes não reveladas, que o comando da campanha pela releição do presidente Jair Bolsonaro não gostou nada do vazamento da informação de que um plano estaria sendo estudado e que atua para minimizar os estragos.
O salário-mínimo é reajustado pela inflação por meio da Constituição. Para mudar a regra, é necessária uma Proposta de Emenda Constitucional (PEC).
É provável que a campanha bolsonarista esteja de fato muito preocupada com o impacto da notícia - mesmo que misturada a onda de notícias falsas que têm circulado a poucos dias do segundo turno das eleições.
Isto porque, em quatro anos, o governo Bolsonaro não concedeu reajuste de salário mínimo nem uma vez sequer - ao contrário do que ocorreu durante todos os anos do governo de seu concorrente, Luiz Inácio Lula da Silva, que governou o Brasil de 2003 a 2010.
Hoje, a Constituição Federal determina a preservação do poder de compra do salário mínimo por meio de reajustes periódicos, que vêm sendo calculados com base no Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC). O índice teve alta de 10,16% em 2021, percentual que foi utilizado para atualizar o valor do salário mínimo para R$ 1.212.
A notícia repercutiu com força nas redes sociais. E suscitou duras críticas das entidades de classe. A CUT (Central Única dos Trabalhadores) postou mensagem dizendo que a possível medida "é uma aberração" que precisa ser denunciada antes das eleições de 30 de outubro. "É um crime", afirmou.